sábado, 25 de julho de 2009

O olhar dos sem vozes...


Quem me conhece sabe que sou vegetariano há mais ou menos uns cinco anos. Nesse meio tempo já fui vegan, ovolacto, crudívoro, e mais um monte de classificações idiotas que os próprios vegetarianos inventam (gosto por rótulos é uma doença de nossa época, com certeza). Na verdade, realmente existe uma diversidade enorme de vegetarianismos, mas eu prefiro pensar que existem somente dois, um por motivos éticos e outro por motivos pessoais. Explico: o vegetarianismo por opção ética reconhece um estatuto moral aos animais, não os enxergando como meros objetos para nossa alimentação ou exploração, bem como se preocupa com todo o problema ambiental e social (fome!) que envolve a criação ostensiva de animais para alimentação. O vegetarianismo por motivos pessoais envolve uma preocupação da pessoa com sua saúde e com hábitos alimentares que prometem uma maior longevidade e uma qualidade de vida melhor.


Sou vegetariano por opção ética. Reconheço os animais como uma alteridade que merece respeito e mais do que isso, direito à vida. Por isso mesmo admiro sinceramente pessoas que dedicam parte de seu tempo a proteger os animais. Contudo, de um tempo pra cá tenho percebido uma tremenda corrupção no discurso protetor aos animais. Um radicalismo obtuso, estúpido, que angaria uma justificada antipatia em relação à causa animal. Esse discurso tosco parte, na maioria das vezes, de pessoas que não conhecem com o mínimo de profundidade o problema da relação homem x animais e que simplifica essa relação sem considerar todo o desenvolvimento histórico de que ela é fruto.


Percebo isso claramente na perseguição que muitos blogs e fóruns de discussão sobre o assunto realiza contra a dieta dos não vegetarianos e contra posturas pessoais contra os animais. A exigência de respeito pelos animais não pode ser uma exigência de apresso para com os mesmos. Da mesma forma que o esclarecimento sobre o vegetarianismo não pode ser uma condenação de uma dieta que envolva carne. Tanta energia gasta em condenar a atitude alheia que poderia ser convertida na real proteção dos animais.


Uma amiga minha, psicóloga, dando um exemplo em uma palestra de como memórias infantis explicam relações afetivas na vida adulta, contou que quando criança encontrou filhotes de gambá vivendo no fundo da chacará de seu avô. Pegou os animaizinhos, encheu um balde de água e os afogou ali. Ela explicou a relação dessa história com o objetivo da palestra, encerrou o assunto e tal. Ao final da palestra ouviu manifestações de ódio de um dos ouvintes, duvidando de sua credibilidade acadêmica e a chamando de assassina de animais, desconsiderando que o ato foi realizado quando ela tinha menos de dez anos de idade e que, como ela explicou, ela queria dar um banho nos bichinhos, não sabia que eles morreriam, era uma criança, oras. Começou a receber e-mails agressivos e desrespeitosos, com conteúdo inflamado, ameaçando sua incolumidade física e de sua família. Um verdadeiro transtorno que só foi encerrado através de intervenção policial.


Esse terrorismo vegetariano ou pró-animais gera todo um movimento contrário de intolerância ao discurso protetivo em relação aos animais. E o pior, os idiotas que professam esse discurso não são os prejudicados por essa reação, mas os mesmos animais que eles dizem proteger. Um amigo americano me enviou um e-mail contando que seu vizinho flagelou vários cães e gatos em frente à casa de um ativista ambiental que o incomodava com discursos e panfletagem incessante. E esse tipo de coisa continuará a acontecer, a menos que se desenvolva uma percepção de que o tipo de discurso que os pró-animais professam não pode ser simplesmente imposto, e que proteção dos animais não se faz perseguindo as pessoas.


Quando leciono ética sempre encontro uma forma de incluir o problema da relação com os animais na discussão com os alunos. De fato, existe uma bibliografia interessante sobre o assunto, que vai de Peter Singer a Derrida e que trabalha questões sociais e antropológicas muito importantes para um discurso inteligente e fundamentado sobre o assunto. E por mais radicais que alguns autores sejam na proteção dos animais, em nenhum deles se percebe uma imposição das ideias e uma tentativa de ofender e massacrar quem discorda das posições ali apresentadas. Esse tipo de postura é bem mais efetiva e importante que a de alguns terroristas que se dizem protetores dos animais.


O problema do convívio com os animais é um problema de convívio humano e social também, não é uma guerra a ser lutada com todo tipo de ofensa e perseguição. Em meio a tudo isso, o centro do problema, os animais, são ignorados e continuam a ser vilipendiados de todas as formas. Nossa percepção do problema se perde em meio a insultos e gritaria. Parece o destino da nossa época o desperdício de forças que poderiam ser convertidas em coisas mais úteis. Novamente, uma pena para os animais, que tem que sofrer com os deserviços que seus ditos protetores realizam.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Olhar criminoso









O ambiente musical da Alemanha antes da Primeira Grande Guerra era de extrema beligerância e violência. A cena se dividia entre os partidários de Brahms, como último representante da real música erudita e os partidários de Wagner e Liszt, deuses da música moderna. Era comum os concertos terminarem com a balbúrdia da turma contrária e não raras vezes confrontos físicos entre os partidários tinham lugar. Wagner era considerado o introdutor de uma nova forma de compor, densa, pesada, violenta. Baseada em temas nórdicos como a lenda de Sigfried ou o Valhalla, suas óperas eram recheadas de cenas fortes e pesadas. Liszt foi o primeiro "rock star". As mulheres se estapeavam pelas cordas de seu piano, que ele lançava à platéia ao final de suas apresentações, como os guitarristas jogam hoje palhetas ao público. Essas cordas viravam adornos de cabelo e pulseiras, que eram guardadas como verdadeiras relíquias. Franz Strauss, discípulo de Brahms, detestava Wagner, mas não conseguiu impedir a conversão de seu filho Richard, para as fileiras dos wagnerianos. Richard Strauss não só se tornou um grande compositor, se tornou o maior compositor europeu de sua época. Levou a violência e o drama wagnerianos a lugares nunca pensados. Seus poemas sinfônicos eram agressivos, caóticos, despertavam sensações violentas no público. Influenciado pela leitura de Nietzsche, compôs um poema sifônico baseado na obra mais importante do filósofo de Röecken, Also Sprach Zarathustra (Assim Falou Zaratustra). Uma música épica, vibrante, essencialmente violenta e estimulante. Em sua ópera Electra exigiu cordeiros reais para a cena de sacrifício. Em Salomé provocou náuseas na platéia, sedenta de fortes sensações, ao usar sangue animal que escorria pelo palco, na cena em que Salomé recebe a cabeça de João Batista em uma bandeija de prata. A música de Strauss era pensada para causar incômodo, náusea. Representava a grandiloquencia de sua época, a do apogeu do Estado Prussiano. Um Estado que acabaria se perdendo em seu próprio torvelinho de violência.




Em 8 de dezembro de 1980, John Lennon foi assassinado na frente do Edifício Dakota, onde morava em Nova York. Mark Chapman, o assassino, havia pedido a Lennon um autógrafo na capa do LP Double Fantasy pouco tempo antes. Baleou o beatle e ficou sentado, lendo O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger, que segundo ele, trazia mensagens que o mandavam matar o músico inglês. Lennon morreu a caminho do hospital, devido a perda de sangue. Quando Chapman foi preso, pediu desculpas aos policiais pelo "transtorno causado". No julgamento disse que a dissolução dos Beatles foi um dos motivos para o assassinato.




Vinte e quatro anos depois, no mesmo dia 8 de dezembro, o guitarrista Dimebag "Diamond" Darrell, foi assassinado com três tiros na cabeça em pleno palco, enquanto se apresentava com sua banda, o Damageplan. Mais três pessoas da equipe da banda foram mortas. O assassino, Nathan Gale, foi morto por um policial. Subiu ao palco gritando algo sobre o PanterA, banda que Darrell havia fundado e que terminou devido a desentendimentos internos, o que sugere que a motivação do crime foi o fim da banda. Parte da mídia acusou Darrell de incitar esse tipo de atitude com sua música, violenta e pesada. Pais e educadores que sempre se mostraram avessos a esse tipo de arte ressucitaram todo tipo de preconceito. Darrell foi chamado de racista, delinguente e nazista em canais conservadores de tv. Como se fosse um suicídio, a morte do guitarrista passou a ser sua responsabilidade.




Na época de Strauss, a Alemanha se arvorava no direito de mando do mundo. Exaltava sua superioridade moral e intelectual sobre toda a Europa. A música dessa época era um reflexo disso. Exaltava as qualidades guerreiras do povo alemão, herdeiro do racionalismo clássico greco-romano. Cantava odes à virtude e nobreza do povo alemão. O Estado Prussiano do jovem Kaiser, belicoso e teimoso, que acabaria desaguando na Primeira Guerra Mundial.




Quando Lennon foi morto o mundo estava mudando. A guerra fria estava próxima do fim, e naquele tempo já na passava de uma gripe. A geração que ali começava estava descrente e desencantada com as promessas de paz feitas pelas gerações anteriores e, com o sucesso americano, via na corrida armamentista a única forma de garantir que guerras não acontecessem. O consumismo e a decadência se tornaram a marca dos países civilizados enquanto os subdesenvolvidos amargavam recordes de poluição, desemprego e violência. A paz e o amor que Lennon cantara não existiam mais. Ele era um sábio obsoleto em uma época que se desenhava tão indecente. Chapman sabia disso.




Poucos anos antes da morte de Darrell, dois terroristas lançaram aviões de passageiros contra o World Trade Center, matando milhares de inocentes. Em represália os EUA destruíram o Afeganistão e invadiram o Iraque. Todos os laços com a tradição e os pontos de referência morais antigos foram sendo questionados e abandonados. O mundo, devido a tecnologia da informação, havia se tornando violentamente menor e mais manipulável. O consumismo e a indústria cultural atingiram níveis que beiram a indecência. A geração oitenta, desencantada com o mundo, deu lugar a uma geração mais apática, individualista e narcísica, devorada pelo próprio vazio. Não é a toa que o assassinato de Darrell parece uma chacina violenta e irracional enquanto o de Lennon se reveste de um véu místico e poético.




O mundo em que Darrell morreu foi um mundo que aceitou a violência como sua verdade e sua linguagem. A música de Darrell, como de muitos músicos do mesmo estilo, serve como uma catarse, uma válvula de escape desse mundo violento. Toda arte representa sua época, seu contexto, e assim é com a música de Darrell e todo o Heavy Metal. Culpá-lo por seu assassinato é pensar como o assassino, é perpetuar a violência, justificá-la. É matar Dimebag uma segunda vez.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Eyes of a tragedy...


Intitulo esse post com um verso da canção 3 libras do disco Mer de Noms do A perfect circle por que hoje ouvi essa canção e lembrei de uma época e de um contexto da minha vida em que ela se encaixou melhor do que muitas trilhas sonoras em muitos filmes por aí. Mas esse não é um blog pra se falar da minha vida, é um blog pra se falar de muitas coisas, principalmente de olhos (não, não sou oftalmologista). Sobre olhos de tragédia, além dos olhos furados de Édipo, o homem que era demais em sua sexualidade (teve filhos com sua mãe), demais em sua sabedoria (desvendou o enigma da Esfinge), demais em sua teimosia (quis continuar com o inquérito que revelaria seus crimes), e os olhos arregalados da Medusa, a górgone que transformava em pedra todo aquele que olhasse diretamente para ela, temos os olhos de Lâmia. Lâmia era filha de Poseidon e Líbia (a personificação do país) e rainha das terras da Líbia. Zeus, pra variar, se apaixona pela moça, de grande espírito e beleza (é notório que Zeus passava o rodo geral). Hera, a ciumenta (não é pra menos, convenhamos) esposa de Zeus, irritada com a situação, mas impotente de agir contra o marido, impõem um terrível destino a Lâmia. Rouba seus filhos, e a transforma em um monstro, metade mulher, metade serpente, e incute nela uma fome saciada somente pela carne de crianças, filhos felizes de mulheres que ela invejaria para sempre (Hera era má pra caralho!). Lâmia assassina várias crianças, inclusive dois de seus filhos. Para completar a maldição, Lâmia não podia fechar os olhos, onde a imagem de seus filhos sendo assassinados por ela se repetiam infinitamente. Para minimizar seu sofrimento Zeus concedeu a ela o poder de tirar seus olhos por um período de tempo. Com o tempo a lenda de Lâmia foi sendo resgatada por vários artistas e sendo adaptada em diversas histórias folclóricas pelo mundo afora. Na cultura helênica as "lâmias" eram espíritos que se prendiam a jovens e sugavam pouco a pouco seu sangue até que os mesmos perecessem. Uma das origens clássicas dos mitos sobre vampiro. Pope e Keats escreveram poemas sobre Lâmia, e a música Prodigal Son, do disco Killers do Iron Maiden, cita a persona em outro contexto. O não fechar os olhos às próprias atrocidades, o nunca esquecer, a vida como penitência cruel e eterna. Nas palavras de Horácio: "veria Lâmia, em suas visões, seus filhos devorar, para, no mesmo instante, à vida retornar?" Uma tragédia não se retira dos olhos, ainda que, como Lâmia, possamos retirá-los do rosto por alguns momentos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Olhar pecaminoso...

Roger Waters: Orgulho

Axl Rose: Ira

Dave Mustaine: Inveja


Tim Maia: preguiça



Ozzy Osbourne: Avareza




Amy Winehouse: gula



Ira Barbieri: Luxúria


Por volta do século IV da nossa era um monge grego arrolou 8 paixões e crimes humanos, com o tempo a lista caiu pra sete, com o Papa Gregório XIII, Santo Agostinho e outros importantes teólogos, se tornando os pecados capitais, ou seja, aqueles que não possuem perdão. Em 1589, Peter Binsfeld comparou cada um dos pecados capitais com seus respectivos demônios seguindo os significados mais usados. De acordo com Binsfeld's Classification of Demons, esta comparação segue o esquema:
Asmodeus: Luxúria
Belzebu: Gula
Mammon: Avareza
Belphegor: Preguiça
Satã: Ira
Leviatã: Inveja
Lúcifer: Vaidade (Orgulho)

Como os demônios provavelmente se aposentaram e no mundo de hoje não tem relevância nenhuma, eu resolvi atualizar a lista de Binsfeld substituindo seus seres mitológicos por pessoas famosas, essas sim, quase reais e quase relevantes no mundo de hoje. Pra não dizer que estou condenando as atitudes dessas pessoas (ao contrário, acho os pecados capitais o máximo) só farei comparações com pessoas que admiro e respeito. Vamo lá então:

Luxúria: Ira Barbieri, modelo brasileira, perdeu a virgindade aos 15 anos e nunca escondeu que transou com todos os homens que teve vontade, sua estimativa é que tenha chumbregado com 200 parceiros. Pena que não a conheci nessa época.

Gula: Amy Winehouse, cantora americana, dona de uma das vozes mais marcantes de sua geração e de um talento incrível para composição. Quando apareceu na imprensa, além do talento inegável Amy desfilava um corpo delicioso, o abuso constante de álcool e drogas de todas as espécies fez com que a moça definhasse ao ponto de precisar usar fraldas geriátricas. Gulosa.
Avareza: Ozzy Osbourne, cantor inglês, o Madman iniciou sua carreira no grande Black Sabbath, primeira banda de metal da história e audição obrigatória de dez entre dez roqueiros. Expulso da banda por abuso de drogas, Ozzy amargou anos de uma carreira solo repleta de altos e baixos, até ser redescoberto na década de noventa com o reality show da Emetevê, the osbournes, que apresentava o cotidiano da sua insuportável família. Ozzy recentemente ofereceu uma recompensa para quem devolvesse um de seus cães, um luluzinho da pomerânia que se perdeu. O incrível é que a recompensa é de apenas $5oo, quantia ínfima perto do valor do bichinho e da fortuna de Ozzy. Vendendo o cão do lendário roqueiro na E-bay quem o encontrar ganhará bem mais que isso.
Preguiça: Tim Maia, cantor brasileiro, Tim tinha (hehe) preguiça de ir aos shows, de ir aos ensaios e de ir inclusive à sua própria festa de aniversário. Convidada, Marisa Monte não pôde comparecer a festa, e quando ligou pro cantor pra saber como tinha sido a comemoração ele disse que tinha sido legal, mas não sabia dos detalhes pois também não tinha ido. Tem que ser um cara muito legal pra fazer isso. Estilo.

Ira: Axl Rose, cantor americano, fundador da banda Guns n' roses, Axl sempre gostou de confusão. Em 1991 foi preso acusado de incitar um motim em um show, em que 60 pessoas teriam sido feridas, em 1992 foi preso com quatro acusações de agressão e uma de dano a propriedade alheia, em 2006 foi preso por morder (sério!) a perna de um segurança. O negócio com ele é na dentada. Mas ainda acho que o maior crime dele se chama Chinese Democracy.

Inveja: Dave Mustaine, músico norte americano, fundador do Megadeth, Mustaine foi um dos primeiros guitarristas solo do Metallica, ajudando na composição do disco Kill 'em ' All e na definição do estilo conhecido como Thrash Metal. Mustaine foi expulso da banda por abuso de drogas e álcool e jurou montar uma banda que se tornaria maior que o Metallica. Bom, não conseguiu, apesar do grande sucesso e importância do Megadeth. Até pouco tempo atrás, Mustaine não perdia uma oportunidade de cutucar os ex-companheiros de banda (que também não ficam atrás nas provocações), coisa de velha invejosa, vamo combinar. Nas horas vagas ele é um grande guitarrista.

Orgulho: Roger Waters, músico inglês, baixista, vocalista e um dos principais compositores da lendária banda de rock progressivo Pink Floyd, Waters sempre se achou a última bolacha do pacote. Chegou ao ponto de gravar um disco (The final cut) com seus companheiros de banda sendo creditados como mera banda de apoio. Hoje segue uma carreira solo razoavelmente bem sucedida.
É isso aí...todo mundo pecando que o mundo tem que andar...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Pare, pnese, ohle....



Ainda sobre o olhar...


Estudos dizem que nosso cérebro é capaz de processar palavras cujas letras estejam embaralhadas desde que a primeira e última letra permaneçam inalteradas.


Tudo bem, mas tem gente que exagera, como o carinha da foto....

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Dedos tortos não deveriam ser apontados...


Já que, por enquanto, só falamos de coisas relacionadas aos olhos, nesse quase oftomológico blog, vamos continuar falando de ilusões de óptica. Talvez a visão seja o sentido mais sujeito a confusões, ilusões e erros. Mas é também o sentido do qual somos mais dependentes, inclusive existencialmente. Não é por acaso que temos "visões de mundo". O fato é que tanto essas visões como aquelas são passíveis de erro. E porque então algumas pessoas tem tanta certeza de que sua visão das coisas é a melhor? Por que colocar-se em dúvida ou em xeque parece ser um exercício tão penoso para alguns? Será que o sapato alheio é realmente tão apertado para termos tanta resistência em calçá-lo? Em adotar um visão de mundo diferente da nossa?
A tempo: no desenho acima, aproxime o rosto do ponto preto no centro e vá afastando. Tudo muda dependendo de onde estamos.

O negócio é a birosquinha..


Birosca, bila, bola de gude...Até pouco tempo atrás ser uma criança feliz passava necessariamente por ter uma lata cheia dessas belas esferas. Eu joguei tanta birosca quando criança que a unha do meu dedão direito caiu...é rapaz, o sistema aqui é bruto. Mas o melhor uso de uma birosca foi o que nosso querido Tom Zé deu a um belo exemplar marrom esverdeado fotografando-o sobre o ânus de sua namorada na época, para a capa do disco Todos os olhos de 1973.

Um blog viral


Uma inflamação nas glândulas sebáceas da região dos olhos pode causar um pequeno, doloroso, mas inofensivo abscesso chamado Tersol. Ele é chato, incoveniente, feio. Adjetivos que se aplicam perfeitamente a essa pessoa que vos escreve e que pautará grande parte do que for publicado aqui. Mas porque? Porque deu vontade de criar um blog para, como a maioria dos blogs, não falar de porra nenhuma. E porque, assim como o Tersol dos olhos, nossa prentensão é fazer com que as pessoas vejam as coisas de forma um pouco diferente. Porque inflamar é o que há.


El Mudo Tersol